A evolução é um tema central na obra de Rico Sequeira — entendida aqui como um processo de tomada de risco e transformação contínua.
Esta instalação, apresentada em 2025 em Vilamoura, reflete a exploração contínua do artista da mudança como processo conceptual e visual. Cada iteração da prática de Sequeira marca uma saída deliberada das formas anteriores, abraçando a incerteza e a experimentação como ferramentas essenciais para a criação.
Ao longo da sua carreira, o artista tem-se afastado sistematicamente do conforto da repetição, permitindo que cada exposição introduza novas linguagens visuais, materiais e referências. Esta abordagem assenta na disciplina diária da produção artística e num envolvimento constante com o desconhecido.
Uma característica marcante do trabalho de Sequeira é a sua capacidade de resiliência — o regresso a uma identidade visual fundamental após períodos de experimentação. Este movimento cíclico, entre a rutura e a continuidade, cria um fio condutor reconhecível que liga cada série e metamorfose.
Nesta instalação, esse fio funciona como elemento de ancoragem. Mesmo em composições que sugerem desordem — através de linhas sobrepostas, fragmentos colados, figuras de banda desenhada ou alusões a Goya — mantém-se uma coerência estrutural. A natureza abstrata da obra convida a múltiplas interpretações, permitindo ao público uma leitura livre das formas, embora cada elemento detenha um significado específico no vocabulário visual do artista.